Piano Mecânico
Clássico redescoberto da literatura distópica narra um mundo dominado por gerentes, engenheiros e máquinas
em um futuro não muito distante, pós uma nem tão distópica terceira guerra mundial, as máquinas finalmente venceram. quase tudo foi automatizado e logo a sociedade se dividiu sob um novo sistema de estratificação não mais baseado em dinheiro, mas sim em inteligência. de acordo com seu qi e capacidade intelectual, os indivíduos são classificados e registrados em um cartão perfurado e sua posição social ― um destino de glória ou esquecimento ― só pode ser definida a partir da análise desses dados.
do lado dos privilegiados ― engenheiros e gerentes ― o doutor paul proteus leva uma vida confortável no alto escalão das indústrias illium, o maquinário que controla toda a vida da cidade homônima. sua casa confortável, o prestígio entre os pares, a esposa atenciosa e dentro dos padrões: absolutamente tudo está em seu devido lugar e a ordem impera. a visita inesperada do inquieto e inconformado ed finnerty, um ex-colega de trabalho, promove um abalo sísmico em paul e suas consequências, a princípio restritas à psique, logo se transformam em uma ameaça não apenas ao seu estilo de vida, mas ao de toda a estrutura que o cerca.
quando atravessa o rio que divide a cidade e suas castas, paul vê com os próprios olhos como é a vida de quem foi excluído do sistema. mais do que uma crítica à automação e ao progresso desenfreado das tecnologias, piano mecânico é um livro sobre o desconforto inerente que toda estrutura social causa ao homem moderno. escrito logo após a publicação de 1984, livro pelo qual vonnegut admitiu ter sido fortemente influenciado, a obra compartilha com orwell a ansiedade do pós-guerra e o medo de que, em tempos de paz, as nações venham a se submeter a níveis potencialmente paranoicos de controle social.
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