Bom dia para nascer
No início da década de 1990, otto lara resende iniciou uma profícua e caudalosa colaboração com a folha de s. paulo. jornalista tarimbado, com passagens por diversas redações, otto escrevia nesse espaço diário crônicas sobre uma vasta gama de assuntos: os desajustes da política (vivíamos a era collor), os amigos desaparecidos (como nelson rodrigues, vinicius de moraes e paulo mendes campos), os costumes no rio de janeiro (cidade que o mesmerizava), as mudanças no nosso idioma, a literatura etc. sempre com clareza e delicadeza exemplares. esta reunião de suas crônicas na folha é uma edição ampliada de um volume publicado pela companhia das letras em 1993 e organizado, na época, por matinas suzuki. desta vez, o jornalista humberto werneck recebeu a incumbência de coordenar o volume, garimpando mais de setenta crônicas nunca antes publicadas em livro. e o otto cronista é nada menos que um clássico do gênero: sua prosa, escorreita e refinada (mas nunca hermética), se molda à perfeição a amplitude de temas e pontos de vista apresentados diariamente nas páginas do jornal. a leitura das notícias o alimentava, claro, mas também há aqueles tópicos consagrados por outros cronistas antes e depois (a exemplo de rubem braga e fernando sabino, amigos e personagens de alguns textos deste volume), como a impiedosa passagem do tempo, os encontros e desencontros proporcionados pela grande cidade, a nostalgia de quem sabe que tudo, afinal, é breve e desaparece um dia. Às vezes, na edição seguinte do jornal.
Marca: